Mantras

26/10/2021

Em sânscrito, a raiz man significa mente/pensar, tra deriva de traí que significa “proteger/ libertar”. Os Mantras são um instrumento para conduzir, proteger e libertar a mente. A teoria subjacente ao mantra provém da sabedoria dos rishis (sábios). Eles afirmam que todo o sólido e tangível universo ao nosso redor é constituído por diferentes tipos de vibrações e energias operando a vários níveis. As que parecem ser sólidas e reais não são o que aparentam, mas meramente o resultado da interação de diferentes tipos de energia e consciência.

Com as descobertas que foram feitas em relação à natureza do átomo, as nossas ideias acerca da matéria mudaram completamente. Hoje vemos todo o universo físico como um extraordinário jogo de diferentes tipos de energia.

Os rihis afirmam que os elementos intangíveis do universo como os pensamentos e emoções também têm uma base material. A matéria mais subtil através do qual operam estes elementos, também é, no fundo, apenas um conjunto de vibrações e um arranjo de diferentes tipos de energias.

A vibração não está apenas na base da forma, mas também é necessária para a manifestação da consciência.

A nossa compreensão do mundo externo é feita pela consciência interior através dos sentidos. Todo o universo manifestado é essencialmente o resultado de uma vibração que inclui e tudo abrange, chamado nada (som). Esta forma subtil das vibrações subdivide-se e diferencia-se dando origem a uma infinita variedade de vibrações que estão por detrás de todos os fenómenos da natureza e produzem todos os tipos de formas. Estas são formadas por vários graus de complexidade e construídas por longos processos de evolução. Também fornecem veículos para a consciência e habilitam-se a funcionar nos diferentes planos numa variedade infinita de maneiras de afetar ou serem afetadas pelos diversos fenómenos.

Dizem os sábios que, se a vibração está relacionada tanto com a forma, quanto com a consciência, deveria ser possível por nosso intermédio, por um lado, produzir diferentes tipos de fenómenos naturais. Por outro lado, efetuar mudanças na consciência.

Portanto podemos definir um mantra como hino, oração, canção sagrada, sílabas programadas e até mesmo um poema religioso.  Algumas religiões o utilizam para saudar, ofertar boas vibrações e louvar os deuses ou datas comemorativas. Outras o utilizam com propósito de cura, meditação, prosperidade, autoconhecimento, etc..

Efeitos e vocalização dos mantras

Um mantra é uma combinação de sílabas, que formam um núcleo de energia. O mantra tem a função de focalizar os poderes dispersos da mente, convergindo-os num ponto capaz de atravessar as cortinas de pensamentos e atingir as camadas mais profundas. Os mantras promovem a união da respiração com o intelecto e geram um sentimento de paz e alegria.

No yoga, o mantra é utilizado para limpar as nádis (isto é, canais energéticos por onde passa o prána). As nádis são obstruídas por uma alimentação desequilibrada e ou pelas nossas emoções. Através da aplicação do som, estes canais são limpos e libertos para que a energia possa fluir. A prática do mantra vai permitir-nos fazer o corte com tudo aquilo que está a acontecer no exterior, trazendo-nos para uma conexão mais consciente e profunda com o nosso mundo interno. O mantra retira a nossa atenção e, por vezes, obsessão das trivialidades e interesses materiais, conduzindo-nos de volta ao centro do nosso ser. Esta conexão aumenta a nossa perceção do aqui e do agora. Desta forma, a atenção e energia dos velhos padrões de pensamento, que nos mantém presos ao passado e ao futuro, é retirada, provocando a purificação do subconsciente.

Quando estamos centrados no nosso ser, é possível observar aspetos da nossa personalidade que têm governado a nossa vida, aspetos esses que podem ser transformados e sublimados com a prática. Um dos resultados mais rápidos da prática do mantra é o controle da respiração, que é o meio através do qual podemos desenvolver a capacidade de controlar as emoções. Quando vocalizamos, podemos colocar toas as emoções nos mantras. É uma forma de libertar emoções negativas. Durante a prática do mantra, descobrem-se emoções escondidas, lágrimas guardadas desde a infância, dando-nos a oportunidade de tomar consciência do que está acontecer ao nível emocional, o mantra acalma as emoções turbulentas e apazigua a mente.

Através do mantra, aprendemos a lidar com as emoções, controlá-las e refiná-las. Aprendemos, também, a encorajar o desenvolvimento harmonioso de todos os aspetos do potencial humano. O mantra purifica a mente e consequentemente, dissolve o medo. Quando as emoções são purificadas, dissolvem-se em amor, que é um passo importante no despertar de níveis mais profundos de consciência.

Não é necessário conhecer o significado e o conteúdo do mantra para obter os seus efeitos. A própria prática do mantra é suficiente para alcançar o nível de consciência que ele permite. A vantagem em não saber o significado do mantra é que a mente nada tem para elaborar a respeito dele. Com a mente relaxada, a fonte de doenças e as raízes ocultas dos conflitos são trazidos à superfície, onde podemos lidar com elas.

A melodia do mantra não deve ser mudada. A combinação de sons baseia-se na perceção dos sábios, que traduziram as vibrações em combinações especificas, com o propósito de criar um efeito magnético no corpo humano. Mesmo que tenha dificuldade em alcançar os tons, não mude a nota. A voz acaba por se ajustar.

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O japa mala

Na prática do japa, (mantra de introversão), pode-se usar um japa mala para facilitar a contagem das repetições do mantra. O japa mala é um colar com 108 contas, geralmente feito de sementes de sândalo, tulsi ou rudrakshas. O número 108 é sagrado. O 1 significa uma linha simbolizando a energia Suprema, o poder do qual todas as outras linhas, círculos ou movimentos se originaram. 0 é totalidade, um círculo que representa a criação, completa e perfeita. 8 o símbolo da eternidade, indica o elemento tempo, pois a criação continua eternamente. Uma das contas, chamada Monte Meru, é o ponto de união do colar. Quando os dedos chegam a este ponto, o mála é virado e o movimento continua no sentido inverso. Essa conta especial representa a perceção de algo que nos transcende.

Os Bija Mantras e o OM

Os bija mantras são mais fáceis de recordar e recitar, também são os mais poderosos. Acredita-se que tal como a pequena semente contém uma árvore enorme, cada bíja contém grandes quantidades de conhecimento, sabedoria espiritual e força criativa. Uma das mais antigas e mais conhecida semente é o OM.

O OM é frequentemente chamado de pránava, literalmente significa “murmurar” (uma palavra que deriva de pranu que significa ressonância), e da raiz “nu” (adorar ou comandar, mas também “gritar” ou “som”). O OM é a semente primordial do universo; este universo, dizem os textos sagrados, não é senão o OM. É também considerado como o mantra raiz dos quais emergem todos os outros mantras e que encapsula a essência de milhares de ensinamentos e sabedoria. Por isso o OM é utilizado como o som semente para a meditação. Através da vocalização do OM revela-se o nosso ser supremo.

O mantra OM consiste em três letras A.U.M (em sânscrito, quando um A inicial é seguido por um U, transforma-se num O longo). Cada uma destas três partes têm associações metafísicas, das quais elas próprias servem como sementes meditativas. O A representa o nosso estado de vigília, que é também a consciência do nosso mundo exterior. O U é o estado de sonho, ou a consciência do nosso mundo interno, pensamentos, sonhos, memórias, etc.

O M é o estado de sono profundo onde não há sonhos. É a experiência da unidade última. O objetivo da meditação no OM é passar por estes três estados para poder alcançar o estado de turya, que é a condição de completa vigília através de todos os estados de consciência (o próprio Ser Consciência definitivo). A vibração lentamente dissolve-se em silêncio, símbolo do estado transcende de consciência. Este silêncio é a coroa do mantra; é descrito no Maítri upanishad como tranquilo, imortal, inabalável contínuo.

Alguns yoguins consideram a repetição mental a forma mais poderosa de obter a concentração. Mas, para muitos, a entoação audível surte maiores efeitos enquanto a mente ainda está ativa, pois ajuda a expressar as emoções. Num estágio bem mais avançado, a repetição mental é mais potente.

Swami Sivananda, que foi médico antes de converter-se em yogin, explica que as vibrações produzidas nas cavidades nasais pela entoação continuada do OM estimula a atividade das glândulas hipófise e pineal. Dada a importância que estes órgãos têm nas funções psicológicas e fisiológicas do homem, isto pode explicar parte do mistério que envolve o som.

Conclusão

Quando mergulhamos nos nossos próprios pensamentos e desligamos do exterior, somos capazes de concentrar a energia em pontos onde ela é realmente necessária. Por isso, este tipo de ação gera enormes benefícios em diversos setores da nossa vida. Isto porque, com a mente e espírito limpos, somos capazes de identificar o que é realmente necessário e caminhar rumo ao autoconhecimento e ao equilíbrio.

Incluir os mantras na rotina diária traz inúmeros benefícios. Eles ajudam a controlar a ansiedade, a acalmar a mente e trazer mais foco e concentração. Auxiliam, também, no aumento da capacidade de processamento do cérebro, trazem maior equilíbrio emocional, melhoram a respiração e muito mais ?.

Com Carinho e Amor,

Sara

Agradecimentos:

❤ Escola de Yoga Ana Maia ❤

Agradeço-te todos os dias pelos conhecimentos que me deste e por todo o apoio incansável da tua parte. Além de me encheres a vida de felicidade, me envolves com a maravilhosa sensação de que tudo persistirá por toda a eternidade.