Depressão

Não é novidade nenhuma que a depressão se tornou uma espécie de epidemia invisível, atingindo milhões de pessoas. Vivemos numa época em que a depressão finalmente passou a ser abordada como uma doença. Isso tem um lado bom. As pessoas deprimidas não são julgadas como incapazes ou debilitadas, como se precisassem apenas de se esforçar mais para sair de sua tristeza. No entanto, a depressão, apesar de toda a publicidade à volta dela, permanece misteriosa, e aqueles que sofrem com ela tendem a esconder a sua condição , ainda permanece infelizmente o sentimento de vergonha. Quando uma pessoa se encontra no auge da depressão, é difícil escapar à sensação ou sentimento de fracasso e que o futuro é visto sem esperança.

Diagnosticar a depressão:

A depressão não é um distúrbio único e, embora uma série de antidepressivos tenha sido usada para resolver o problema, a causa básica da depressão permanece desconhecida. Para um diagnóstico de depressão prevalece vários sintomas como estes:

  • Humor deprimido (sentir-se triste ou vazio; chorar);
  • Interesse ou prazer acentuadamente diminuído em todas ou quase todas as atividades do dia-a-dia;
  • Perda significativa de peso quando não se está a fazer dieta, ou ganho de peso, ou diminuição ou aumento do apetite;
  • Insónia ou hipersónia (dormir muito pouco ou muito);
  • Desaceleração dos pensamentos e movimentos físicos;
  • Fadiga e perda de energia;
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva;
  • Capacidade diminuída de pensar ou se concentrar, e também indecisão;
  • Pensamentos recorrentes de morte (não apenas medo de morrer), mas sim tentativa de suicídio ou plano específico para cometermos suicídio.

Passamos a reconhecer diferentes tipos de depressão que se encaixam em certas circunstâncias:

  • A distimia é uma depressão leve e crónica. Deve apresentar pelo menos 2 anos para um diagnóstico de distimia.
  • O transtorno afetivo sazonal (TAS) é uma forma de depressão que geralmente surge à medida que os dias ficam mais curtos no outono e no inverno.
  • A depressão pós-parto começa depois de a mulher dar à luz e pode piorar com o passar do tempo.

Embora ninguém saiba exatamente o que causa a depressão, é claramente um estado de desequilíbrio interno. O equilíbrio é essencial para o funcionamento saudável do corpo e da mente. Os fatores perturbadores que aumentam a probabilidade de se ter depressão formam uma longa lista: predisposição genética, morte ou perda de um ente querido, eventos importantes da vida (mesmo os felizes, como uma formatura), outras doenças mentais, abuso de substâncias, trauma na infância, certos medicamentos, doenças graves e problemas pessoais, como problemas financeiros. O que essas coisas têm em comum é que elas perturbam os mecanismos normais de equilíbrio da mente e do corpo. Um tratamento com foco de restaurar o equilíbrio, faz mais sentido, se a pessoa possa participar dele.

Reequilibrar é que temos de fazer:

  • Estar consciente de que está deprimido e procurar ajuda;
  • Tratar bem do corpo, incluindo exercícios físicos;
  • Reduzir o stress;
  • Dormir o suficiente, ou seja, no mínimo 8 horas por noite;
  • Abordar situações que deixaram um sentimento de tristeza, como o emprego errado, um relacionamento falhado, luto normal e perdas graves. Não esperes passivamente que o tempo cure as tuas feridas.
  • Recuperar a sensação de controlo;
  • Reivindicar o senso de identidade – mulheres deprimidas em particular podem mostrar um padrão de dar muito de si mesmas num relacionamento, levando a uma sensação de fraqueza e baixa auto-estima.
  • Examinar as reações a situações difíceis. Muitas vezes vais descobrir que reagiste com desamparo, passividade, recuar para dentro e tornar-se passivo está na raiz de um estado deprimido.
  • Passar tempo com pessoas que lhe dão uma razão para se sentir vivo e vibrante. Evitar pessoas com atitudes negativas;
  • Confiar no mínimo em antidepressivos e aplicar mais os esforços em outras terapias. Os comprimidos devem ser o mais curtos possível. Eles funcionam melhor para remover a camada superior de tristeza, para teres um espaço livre para lidar com os problemas subjacentes reais.
  • Falar sobre os problemas e compartilhar sentimentos com quem pode ouvir com empatia e oferecer dicas positivas;
  • Encontrar uma pessoa sábia que possa ajudá-lo a desfazer as crenças mais negativas, mostrando-lhe que a vida tem outras possibilidades melhores;
  • Como tudo nestas dicas requer uma escolha, conquistar equilíbrio significa que estás consciente o suficiente para tomar decisões e ter a capacidade de colocá-las em prática. Muitas vezes, as pessoas deprimidas sentem-se muito desamparadas e sem esperança para fazer as escolhas certas, caso que é necessário a ajuda externa, ou seja, um terapeuta, um profissional especializado em depressão.

Iniciar a Jornada da Cura

Aqui ficam umas dicas, um plano para a tua própria cura.

A psicoterapia, funciona muito bem, como a medicação para muitas pessoas. Pode ser utilizado sozinho ou em combinação com outras formas de tratamento. Estudos têm mostrado que a psicoterapia pode causar alterações na função cerebral semelhantes às produzidas por medicamentos. Formas de terapia focadas e orientadas para objetivos, como a terapia cognitivo-comportamental, parecem ser a mais eficaz no tratamento da depressão.

A dieta desempenha um papel na proteção contra a depressão. Os países mediterrâneos têm baixas taxas de depressão em comparação com os países mais ao norte – e não é apenas porque eles recebem mais luz solar ou terem um estilo de vida mais relaxado. Um estudo de grande escala acompanhou quase 3.500 pessoas que vivem em Londres por 5 anos e descobriu que aqueles que comiam uma dieta mediterrânea tinham 30% menos probabilidade de desenvolver depressão. Os pesquisadores especulam que os alimentos da dieta mediterrânea podem agir sinergicamente juntos. Azeite, nozes e peixes gordurosos são ricos em ômega-3 e outros ácidos graxos insaturados, e frutas e vegetais frescos contêm flavonóides e fitoquímicos cheios de antioxidantes e folatos (vitaminas do complexo B).

O exercício físico é muito bom para a depressão. Tem sido demonstrado que o exercício físico moderado, apenas 30 minutos por dia, três vezes por semana, pode reduzir ou eliminar os sintomas de depressão.

É bem conhecido que o exercício estimula a libertação de endorfinas, as substâncias químicas do “bem-estar” (que funcionam como neurotransmissores). Menos conhecido é o efeito surpreendente do exercício na estrutura do seu cérebro. O exercício estimula a criação de novas células nervosas no hipocampo, o centro de aprendizagem e memória do cérebro, de modo que ele realmente aumenta de tamanho. Isso é especialmente relevante porque a depressão, a menos que combatida com uma terapia eficaz, faz com que o hipocampo diminua de tamanho. O exercício também demonstrou aumentar os níveis de serotonina e norepinefrina e multiplicar o número de conexões dendríticas nos neurónios.

O yoga demonstrou diminuir o estresse e a ansiedade, promovendo sentimentos harmonia e bem-estar. A comunicação entre o corpo e a mente é sem dúvida uma ferramenta muito preciosa e valiosa. Pois certas práticas conseguem avisar o cérebro de que está tudo bem em relaxar e estimular o sistema nervoso parassimpático, iniciando assim uma resposta de relaxamento. Por exemplo, a respiração lenta, profunda e consciente também é um elemento vital na prática de yoga. É muito eficaz para estimular o relaxamento e combater os níveis elevados de hormônios do stress. Por exemplo, praticar posturas de “abertura do coração” que alongam a coluna torácica, ajudam a respirar mais livremente e com mais fluidez. Uma componente bastante importante também do yoga é prestar muita atenção ao que está a acontecer no corpo, ter a consciência plena, localizar e libertar qualquer tensão que possa existir no corpo físico. É importante praticar yoga com a orientação de um professor.

A meditação é bastante aconselhável para o stress como para a depressão. Foram examinados vários estudos nos efeitos da meditação mindfulness, projetada para focar a atenção do meditador no momento presente. Um estudo mediu a atividade elétrica no cérebro e encontrou um aumento da atividade no lobo frontal esquerdo durante a meditação mindfulness. A atividade nessa área do cérebro está associada a uma menor ansiedade, levando também a um estado emocional mais positivo.

Eu sei que a solução mais fácil é tomar o comprimido milagroso, e neste país, infelizmente não só neste país, forças poderosas apoiam a promessa de que os comprimidos são a resposta. Lembra-te que os antidepressivos apenas aliviam os sintomas e que, a longo prazo, a terapia do sofá provou ser igualmente eficaz na mudança das respostas cerebrais associadas à depressão. O verdadeiro objetivo deve ser reequilibrar a vida, obter o controlo sobre o distúrbio, entender quem tu és e elevar a tua visão de possibilidades para ti mesmo. Mas tudo isso é bastante mais difícil e desafiante do que abrir uma caixa de comprimidos, mas toda a escolha positiva leva a uma cura real e a uma vida muito melhor no futuro. Reflete nisto, e lá no fundo tu sabes, que o que te estou a dizer é bem verdade.

Com carinho,

Sara

“Não sei como vai ser o amanhã
Mais o ontem eu venci
E o hoje estou lutando”

Thimoteo castello